quinta-feira, 7 de julho de 2011

O PRÍNCIPE PICOTADO (I)

Tal como todos os dias, o sol nascia, os pássaros começavam a despentear as asas com o despertar dos ramos e o galo desafinava a mesma música de sempre no telhado da capoeira. Parecia um dia igual a todos os outros. Mas não, talvez não fosse. Ou isto não seria uma história.
 
Ainda o galo não tinha acabado de cantar já o sr e a sra Linha estavam a sair de casa a correr a toda a pressa. O sr Linha levava sacos gordos de pano azul claro pendurados no braço e a sra Linha levava uma grande barriga pendurada debaixo do peito. Os dois levavam nervos nas mãos que tremiam sem dar importância ao frio e um sorriso no coração que espreitava atrás das camisolas que se usam nas manhãs de inverno. Iam para o hospital. Iam ter o seu primeiro filho!

Mal chegaram ao hospital o bébé nasceu, cheio de pressa para ver os traços da cara dos seus pais. Entre batas, máscaras e luzes, a família Linha aumentou! Mas o bebé chorava a gaguejar e não era feito de uma linha só.

- O vosso filho não é feito de uma linha só! – disse o Dr. Linha da Vida pondo o bébé nos braços da sra Linha.

- Vamos chamar-lhe Picotado! – gritou o sr Linha entusiasmado!

- Por ser picotado, o Picotado é muito sensível. O mundo entra dentro dele. Devem protegê-lo sempre e vão ver que vai ser a criança mais feliz de todas. – acrescentou o Dr. Linha da Vida aos pais Linha que olhavam babados para o seu bébé, cheios de vontade de unir os pontos e assim criarem uma linha. Uma linha que o tornasse mais parecido com eles e que o protegesse do mundo. Mas rapidamente perceberam que isso era impossível.

(continua)

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