O índio subiu à árvore, desceu da árvore e abraçou-a. Mas nunca foi lá casa. Parece que a árvore era ou muito grande ou muito parada ou muito verde.
Então o índio foi para a cidade mas nunca foi lá prédio. Dava para muita gente.
O índio mergulhou no rio e nadou no rio. Mas nunca foi lá barco nem peixe. Parece que o rio era muito azul, ou muito fundo ou muito agitado.
Então o índio foi para a cidade mas nunca foi lá estrada. Levava a muitos caminhos.
O índio pulou no ar, voou no ar e soprou-o. Mas nunca foi lá avião nem pássaro. Parece que o ar era muito alto ou muito leve ou muito puro.Porque na cidade o índio andava descalço e na árvore, no mar e no ar o índio usava sapatos pesados com nós apertados.
Foi por isso que o aconselhei a usar umas meias.
Este índio agradece e canta, porque agora está mais consciente que tem outros irmãos índios. Ou poetas, que é a mesma coisa. E embora sejam todos fugidios (o que pode muitas vezes atrapalhar o caminho), cheira-me que nenhuma outra raça sabe mais sobre a ternura.
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